O Grupo Tecs, iniciado por alunos de Ciência da Computação, do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da USP, em São Paulo, utiliza a computação e a tecnologia para garantir direito, diversidade e inclusão social, com ações baseadas em aulas sobre os impactos da tecnologia, voltadas à comunidade USP, e também cursos de programação básica para indígenas, LGBTs, vestibulandas e reeducandos da Fundação Casa.
Luiz Fernando Antonelli Galati, responsável pela comunicação do grupo, procura sempre lembrar que a tecnologia está presente em tudo na nossa vida, e não tem como fugir dela. “O mundo evolui e a tecnologia é um dos pontos centrais dos nossos tempos, então temos que aprender a lidar com isso, ajudar as pessoas a dominar cada vez mais a tecnologia, porque isso é uma questão de poder. Se a gente deixar que só algumas pessoas dominem a tecnologia, então nós não vamos nem ter uma democracia direito, porque as pessoas não terão acesso a tudo o que está sendo feito.”
O primeiro projeto do Tecs voltado à democratização do acesso à tecnologia foi organizado pensando nos jovens sentenciados com medidas socioeducativas da Fundação Casa, em São Paulo. Os estudantes estruturam um curso de Introdução à Lógica de Programação para os jovens internos. “Escolhemos a Fundação Casa porque queríamos fazer algo a respeito das mazelas do punitivismo”, conta Eduardo Laurentino, membro do Tecs e ex-líder do Projeto Fundação Casa.
O grupo teve contatos com outras instituições que envolviam educação e cárcere, como um projeto de estudantes de Letras, da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, que promovia grupos de leitura e escrita para presidiárias, e o trabalho do professor Roberto Silva, da Faculdade de Educação (FE) da USP, que desenvolve trabalhos e pesquisas sobre educação no cárcere.
Com o isolamento social exigido pela pandemia de covid-19, as aulas foram suspensas neste ano. Enquanto ocorre a pausa, o grupo está reformulando o curso. A ideia é fazer com que os jovens da Fundação sejam capazes de desenvolver, ao longo de dez aulas e com a ajuda de professores, um jogo simples, mas que ilustre a aplicação de todos os conceitos de programação vistos nas aulas.
A pandemia também atrasou outros projetos do Tecs que estão sendo planejados, como o LGBTecs. A ideia é promover inclusão e diversidade nas áreas de computação. Como objetivo inicial está o oferecimento de um curso de Introdução à Lógica de Programação para pessoas trans.
As atividades do grupo se encontram em fase inicial, estabelecendo contatos com possíveis instituições parceiras para o oferecimento do curso. Dentre elas está o Cursinho Popular Transformação, um coletivo que acolhe pessoas trans em iniciativas de oferecimento de um cursinho pré-vestibular e de defesa de seus direitos de sociabilização e acesso à educação.
Outro projeto é o Vestibulandas, para incentivar a participação de mulheres nas áreas de computação. Ele oferece cursos de Lógica de Programação em Python para alunas de cursinhos comunitários da USP.
O grupo de universitários está trabalhando para fazer um Portal Indígena. A proposta nasceu de uma parceria com a Rede Indígena da USP e vai desenvolver uma plataforma para centralizar sites de aldeias indígenas de diversas regiões.
O Tecs surgiu no segundo semestre de 2017, mas suas atividades só foram efetivadas a partir de 2018. Uma das primeiras atividades do grupo foi promover um ciclo de palestras e debates no qual convidaram especialistas para falar sobre temas como tecnologia e sociedade, ética em computação e vieses de algoritmos. Essas palestras deram origem às disciplinas atualmente fornecidas pelo Tecs: Direito e Software e Implicações Sociais da Computação. As disciplinas são voltadas a estudantes do IME, mas abertas a alunos de outras unidades da USP.
Acompanhe as atividades e eventos do Grupo Tecs em www.facebook.com/tecs.usp e saiba mais informações no site do grupo em tecs.ime.usp.br
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